Pesquisa sintética em ação: o que descobrimos no SXSW 2025

E se pudéssemos transformar a maneira como as marcas escutam os consumidores? E se o futuro dos insights não fosse uma escolha entre o humano e o sintético, mas a combinação do melhor dos dois mundos?

No SXSW 2025, testemunhamos um momento decisivo na compreensão do consumidor—um avanço que exemplifica perfeitamente por que somos tão apaixonados por personas sintéticas em Personia.


O experimento: quando o humano encontra o sintético

Imagine a cena: uma sala lotada, cheia de expectativa. No palco, uma consumidora real e sua contraparte sintética respondem às mesmas perguntas de pesquisa, lado a lado. Mas essa não era uma simulação qualquer: a persona sintética foi meticulosamente construída a partir dos dados reais da participante—decisões de compra, padrões de uso de produtos, valores pessoais e objetivos específicos. Não se tratava apenas de replicar quem ela era, mas de entender por que fazia as escolhas que fazia.


Além do “quem ganhou”: uma nova fronteira de insights

A persona sintética forneceu respostas consistentes e articuladas, alinhadas ao seu perfil construído. Mas o verdadeiro diferencial? Ela abriu caminhos inesperados de investigação. A persona destacou perguntas que não estavam no roteiro original, sugeriu dilemas interessantes e revelou insights sobre funcionalidade, preferências de estilo de vida e valores pessoais que se conectam a padrões mais amplos.

“Quando você sente necessidade de remover seu dispositivo vestível (“wearable”)?” Essa simples pergunta revelou barreiras inesperadas à adoção—desconforto com notificações noturnas, falta de integração com outros dispositivos—insights que poderiam ter passado despercebidos em uma abordagem mais linear e baseada em questionários fixos.

Essas descobertas surgiram de forma orgânica, como parte de uma conversa viva e contextualizada—mostrando como a pesquisa sintética cria espaço para o inesperado.

 

Um novo vetor, não um substituto

O que está emergindo não é um modelo substitutivo, mas um novo vetor poderoso que complementa os métodos tradicionais. Com plataformas como Personia e outras soluções emergentes, estamos entrando em uma era em que:

  • Testes podem ser conduzidos em múltiplos contextos com rapidez e consistência
  • Cenários podem ser prototipados antes da validação presencial, economizando tempo e energia criativa
  • Dados qualitativos ganham escala sem perder profundidade interpretativa

     

     

Para líderes de marca, isso representa a oportunidade de tomar decisões baseadas em múltiplos vetores de input—combinando a intuição do pesquisador com a robustez do modelo.

 

A síntese entre ciência e arte

Uma das frases mais marcantes do workshop veio de um dos criadores do experimento: “Começamos com ciência, mas logo percebemos que estávamos lidando com arte.” Influenciar o comportamento de um LLM de forma eficaz exige mais do que dados—requer uma curadoria cuidadosa de traços, nuances e padrões de pensamento.

Esse processo, que demanda tempo e refinamento, é o que torna a pesquisa sintética tão poderosa: não é uma simples reprodução mecânica, mas uma construção guiada por intenção, metodologia e propósito. E, como em qualquer boa pesquisa, tudo depende de quem faz as perguntas—e de como elas são feitas.

 

Principais aprendizados do experimento

  1. A fidelidade vive na intenção de representação. Quando o modelo é projetado para emular alguém especificamente, os insights ganham uma camada de autenticidade que vai além do superficial.
  2. A síntese é poder. A persona acessou, recombinou e expressou motivações que poderiam levar horas para emergir em uma entrevista real—ou que talvez nunca fossem claramente verbalizadas.
  3. A iteração é essencial. A equipe testou diferentes níveis de contexto e refinou continuamente os dados da persona até atingir o ponto ideal entre generalização e especificidade.
  4. Comece pequeno, pense grande. O experimento mostrou que você pode alcançar resultados úteis mesmo com conjuntos de dados limitados e bem definidos. A escalabilidade vem com o tempo e a estrutura adequada.

 

Um novo papel para pesquisadores e estrategistas

A pesquisa sintética transforma o papel do pesquisador. Em vez de apenas conduzir entrevistas ou moderar grupos, o profissional se torna um designer de sistemas de escuta. Um arquiteto de personas. Um estrategista que cria condições para a descoberta—não apenas um coletor de dados.

O mesmo vale para as marcas. Em vez de esperar semanas por validações específicas, elas podem operar em ciclos mais ágeis, testar hipóteses em tempo real e manter conversas contínuas com seus mercados. Mas vale lembrar: esse novo caminho exige responsabilidade, modelagem ética e clareza de intenção.


Para onde vamos a partir daqui?

O que vimos no palco do SXSW foi mais do que um experimento técnico. Foi um vislumbre do futuro da escuta ativa em escala. Acreditamos que a pesquisa sintética será um pilar central da próxima geração de inovação centrada no consumidor. Não como um substituto, mas como um novo sistema operacional para times de marketing, produto, design e estratégia.

Em Personia, continuamos explorando esse caminho com nossos parceiros—ajudando marcas a pensar além dos formulários, além das personas fictícias, além do N=12. Porque quando a escuta se torna contínua, estratégica e contextualizada, tudo muda.

E se a sua próxima grande ideia pudesse ser validada antes do primeiro protótipo? E se os insights dos consumidores estivessem disponíveis 24/7, e não apenas em sessões de pesquisa programadas?

O futuro da pesquisa sintética não está chegando—ele já está aqui. Você está pronto para ouvir de um jeito diferente?